segunda-feira, 26 de julho de 2010

Os maestros dos futebol

Estou vivendo tempos interessantes. As coisas parecem fora de lugar, o mundo anda nonsense.

Fui a um concerto do Festival de Música de Londrina e fiquei pensando em futebol.

Um silêncio absoluto, confortável e raro. O maestro se prepara, a orquestra o obedece, o som rompe o silêncio e a música nasce.

Um concerto é um acontecimento extremamente estimulante, coloca meus ouvidos para pensar. Não consigo perder um minuto. Sem perceber, toda minha mente se põe a dançar.

Toda a cabeça se movimenta ao ver e ouvir a orquestra argumentar notas e mais notas com firmeza e eloquência. Debulho-me em epifanias e orgasmos intelectuais, tentando não me distanciar demais do próprio concerto.

Em um dado momento me lembrei do futebol.

É estranho como de uns anos pra cá os técnicos passaram a ser tratados como maestros. É mais estranho ainda perceber como muitos vestiram a carapuça. Cada vez mais vemos técnicos que só faltam entrar em campo de fraque, carregando batuta debaixo do braço, nariz angulado em 45º ou mais.

Na tradição da música erudita o maestro é realmente a figura central nas orquestras. A música de concerto é toda estruturada, da composição à performance, a partir desta hierarquia. Nesta forma de arte não há improviso, variação ou adaptação de momento, tudo deve se passar conforme previamente planejado pelo Maestro.

Esta idéia porém, não cabe no futebol. Em uma sinfonia não pode haver drible, o spalla não pode sair improvisando melodias. Tudo deve ser feito conforme o ensaiado. Se é isso que querem do futebol, me avisem para eu mudar de esporte.

Futebol bom mesmo é dos técnicos discretos, quase imperceptíveis como os bons árbitros. Nos terreiros, campos ou "soccer cities", futebol é arte de se fazer na hora, ao gosto do momento, no calor da peleja ou ao som das vuvuzelas. Boa lição deu o técnico da Espanha. Ele fala? Ele ri? Está triste? Gostou da Larissa Riquelme? Ninguém sabe e nem quer saber. Na Espanha o assunto é Casilhas e sua namorada, Iniesta, Fábregas,....

Os verdadeiros maestros do futebol brasileiro foram Didi, Ademir da Guia, Pelé, Gerson, Rivelino, Zico, Sócrates, Rivaldo.... e se tiver que colocar na lista algum técnico que seja o Bernardinho!

M.U.C.C.

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