domingo, 31 de outubro de 2010

alegria singela.

um verdadeiro amigo
carinho dos filhos
comida da mãe
corrida e i-pod

insight legal
amar bem juntinho
água pra sede
manhã de domingo


M.U.C.C.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

fim das eleições!

Tenho ouvido pelas redes sociais à fora várias manifestações de exaustão em relação a essas eleições. Pessoas que não querem mais ouvir falar em política ou em qualquer assunto que indiretamente se relacione com o tema.

Creio que o que devemos fazer é exatamente o contrário. Temos que fugir da sazionalidade temática, tão comum entre nós no Brasil e nos meios de imprensa. Isto é, política é um tema de sempre, deve ser pauta constante, não unicamente em período eleitoral.

A eleição inclusive atrapalha o desenvolvimento de debates políticos honestos. O que se viu neste segundo turno deixa isso bem claro. Os candidatos apresentaram elevados graus de esquizofrenia ideológica, psicoses das mais variadas espécies. Isto tudo torna o ambiente muito desfavorável para debates políticos Produtivos. Aborto, casamento gay, liberdade de imprensa são polêmicas que envolvem e mobilizam questões de fundo que não devem ser discutidas como se fossem problemas partidários.

Os eleitores também se deixam levar pelas paixões e suprimem temporariamente, espero, suas faculdades intelectuais. Vimos artistas, pensadores, escritores descendo do salto, rodando as tamancas e batendo bumbo em nome de pretensas verdades, certezas "absolutas" e "fatos" inquestionáveis. A lucidez tirou férias ao que parece entre os meios intelectuais brasileiros, os ódios se acirraram além do esperado.

Espero ansiosamente o debate desta noite, não para ver a exposição de idéias, isto não vai acontecer, mas para ver chegar ao fim uma campanha eleitoral grotesca, mais grotesca que o normal. Espero pelo Brasil de Dilma ou de Serra, não por esperança, mas por tédio!

M.U.C.C.

sábado, 2 de outubro de 2010

Carta aos advogados

Aqui no Brasil a advocacia é uma das profissões de maior reconhecimento e prestígio social. Também pudera, desde os tempos coloniais, quando ainda não havia universidades no Brasil, os filhos das melhores famílias buscavam nas faculdades de direito do velho mundo formação intelectual que lhes distinguisse dos pés-rapados tupiniquins. Filhos de gente tão bem estabelecida em suas conquistas financeiras, é razoável pensar que os jovens estudantes vissem na advocacia mais uma oportunidade de livrar-se do cheiro de esterco de suas botas do que um chamado vocacional verdadeiro. Os pais mandavam os filhos para seus exílios voluntários não por convicções ético-morais, mas para ostentar sua superioridade cultural. Desde muito cedo em nossa História aprendemos a chamar os advogados de doutores, admiramos seus cabelos engomados e batemos palma para seus termos latinos e seus maneirismos lingüísticos. Presenteamos-lhes com as melhores cadeiras do senado, com muitos mandatos presidenciais, com muito espaço nas mídias e tantas outras regalias e honrarias.  A advocacia parecia, e ainda parece, representar na cabeça da maioria dos brasileiros um sinal de progresso civilizatório. É como se ao receber o diploma, o jovem bacharel se tornasse um pouco menos brasileiro, um pouco menos rude, bárbaro, incivilizado.

É triste perceber no entanto, como o implacável passar dos séculos só fez agravar a situação que já não se apresentava exitosa. Hoje o prestígio profissional atribuído socialmente permanece grande, as famílias permanecem orgulhosas de seus bacharéis e os profissionais da área cada vez mais ciosos de seu importante papel para o adequado funcionamento do estado de direito. As incontáveis faculdades de direito distribuem com indispensável pompa diplomas que atestam indiscutível proeficiência dos brilhantes advogados serialmente produzidos por aqui.

Porém, o Direito é matéria complexa. Visto que tem de consumar na aplicação particular da regra geral o próprio princípio instituinte do Estado de Direito. O advogado, o jurista, o juíz, o jurisconsulto têm de visitar as celas mais recônditas dos pactos sociais, têm de caminhar sobre as fronteiras dos contratos constituídos e submeter ao mais alto nível crítico a materialidade textual das normas. E ainda fazer isto amparado em conceitos abstratos e subjetivos, para não dizer relativos, como justiça, equidade, proporcionalidade e isonomia.

Deve ser desesperador para um jovem sedento por sucesso descobrir tardiamente a utilidade das intermináveis aulas de Filosofia, Sociologia, História e, em alguns casos, Gramática. O que fazer diante disso?  
Muitos se entregam ao pragmatismo profissional, ao exercício de uma prática forense rasteira, cheia de vícios, pequenas malícias e oportunismos. Muitos fazendo isso encontram um relativo sucesso. Mas condenam o ambiente dos tribunais à uma atmosfera tóxica que exala a podridão do gênero humano. Muitas universidades e muitos professores não percebem o cesto cheio de víboras que alimentam. Mas há saída. Aos que foi concedido o dom de pensar devem exercer sua atividade orientados pelos mais nobres valores ético-morais, não devem tomar a maioria como modelo e exercer dignamente seu pape social. Aos menos privilegiados, cabe o conselho do grande Paulo Vanzolini: "reconhece a queda, levanta, sacode a poeira e da volta por cima"! Afinal, vestibular tem todo ano!

M.U.C.C.