Choravam e sorriam sem exatamente uma ordem certa. Agoniavam-se especialmente com o grave apitar do navio. Era o último a deixar Beijing. Só neste dia não correu o bicho, nem fla no maraca, não houve manchete, não valeram as horas. Só neste rosnar incessante, não houve primeiro e último, nem ordem, nem meio. Nada houve, tudo em haver. E também zuniam bombas e morteiros, como se fossem gotas d'água, espoucando em festa o nascer de uma nova era. De guerra e horror, mas nova. Seus ouvidos calaram diante de tamanho horror sonoro. E depois veio o silêncio do mar. Navio rasgando o frio e a noite. Todos calaram em um silêncio das vísceras, da morte longa, da desesperança. Alguns chegaram a pensar que aquele navio jamais deveria encontrar porto, jamais deveria acabar a viagem. Pensavam que a partir dali suas vidas seriam só viagem. Só Errança levavam. Depois de bombardeados todos os portos de origem não se pode avistar destino facilmente. E exilados de si, fizeram suas moradas na memória.
M.U.C.C.
2 comentários:
"Riamos e chorávamos da própria desgraça pela vida inteira de uma pesada chuva..."
valeu zé!
o melhor sinal de que o texto foi legal é o feed back rápido! Você sacou a referência eim malandro!
Postar um comentário