terça-feira, 7 de junho de 2011

Selfmade mistake

Por uma fresta dos tempos permaneceu ele ali em frente a uma túrgida melancia. Não foram muitos segundos, nada que pudesse causar estranheza em alguém que percebesse a cena. Lembrou-se de tardes quentes, de sua saudosa mãe, de sentir o suco correr pelos braços. Nesta curva do tempo fez-se tarde e primavera, os botões abriram e murcharam, foram muitas luzes de muitos carnavais. Quase arriscou um sorriso, mas logo voltou à realidade. Se deu conta do motivo de sua saudade de melancia. Melancia é uma fruta comunitária, não tem versão single, não tem como comer sozinho. Sentiu a boca amargando, não pela falta da fruta, mas a dos amigos, da mãe, das férias e de toda uma vida já quase morta. Mais do que nunca estava só, sentia-se só, estava desacompanhado de quase tudo. Sempre se sentira dono de si, conquistara uma rotina em que tudo parecia exclusivamente seu, do carro às cuecas, ganhou e perdeu a vida só. Teve o ímpeto de demitir-se de si, a melancia em sua frente provara seu fracasso, sua ingenuidade. Voltou para casa cabisbaixo e só.



MUCC

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