domingo, 9 de maio de 2010

O Consolador

Quando a vida de Jesus na terra já chegava ao fim, Ele disse que iria para junto do Pai, mas deixaria o Consolador.

Hoje fico pensando que se a vida não fosse uma experiência eminentemente trágica, se nossa condição existencial não fosse incompleta, se não fossemos enquanto animais os mais infelizes por sermos exatamente os mais conscientes, Jesus talvez se referisse ao Espírito Santo com outro adjetivo.

Para aqueles, como nós, que vivemos este espasmo existencial da vida temporal, em que ainda não O vemos face à face, viver é um caminho doloroso. Temos maior condição de entender do que de transformar as coisas. Somos muitas vezes tetraplégicos da consciência, damos ordens que não podem ser cumpridas, criamos respostas que não encontram ouvidos, propomos soluções que não são efetivadas na realidade. Não estamos no controle do mundo como muitas vezes nossa "racionalidade" delirante gostaria.

Você me acha amargo, deve estar quem sabe fazendo ilações sobre prováveis problemas que eu possa estar enfrentando. Não se trata disto, falo com a tranquilidade de quem brinca com seu cachorro. Você pode estar pensando, isso é pessimismo existencial, coisa da filosofia do século XIX, ledo engano. O que dizer da mensagem de lamentações? O que dizer da mensagem de eclesiastes?

A vida dos que caminham diante do Deus Santo (kadosh - absolutamente outro) é a vida de quem se depara constantemente com os limites e as imperfeições a que nós e toda a criação estamos submetidos. Nos deparamos com o incompleto, o limitado, o imperfeito, deste mundo caído. O que fazer? se desesperar? Apelar ao radicalismo? Respire fundo.... Lembre-se do Consolador!!!

Que aceitemos antes de mais nada nossa condição, não como quem abusa da graça, mas como quem sabe, assim como Deus sabe, nos dar uma nova oportunidade!!! O antídoto contra o desconsolo é fraternidade é enfrentarmos juntos as dificuldades!!! Se somos seres limitados e imperfeitos, todos somos assim. Os sofrimentos nos nivelam, quebram nossas bareiras, nossas posições.

A maior mensagem a esse respeito talvez tenha sido a de Jó. Qual foi a resposta de Jó à calamidade? Após encontrar-se com o Consolador, Jó entendeu que o trágico pode nos aproximar de Deus, pode nos amadurecer como pessoas, pode nos tirar do surto antropocêntrico. Aceitar nossos limites é adoração a Deus, é reconhecer quem é vaso e quem é Oleiro! é também viver melhor, estar mais preparado para encarar a vida!!!!

A vida é doce e eu sou diabético.

M.U.C.C.

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