Por um instante fui lúcido e só por um pouco não me fiz lúcifer. Por um instante fecundo me fiz valer à pena por mais algum tempo. Por um instante não fui fraude, farsa ou anedota. Por um saudoso momento deixei meus olhos verem e meus ouvidos ouvirem. E nesse espasmo do existir me chamei marcos e tudo tinha nome, lugar e resposta. E nesse século-instante chorei. Lamentei por mim e por todos, como na epifania do profeta, como no cair das quedas do Iguaçu. Insistentemente chorei como um quebrar-de-ondas, vivi um choro-faxina e pude até me sentir honesto. Depois passou. E tudo deixou de ser, como sempre. Saído deste lúcido transe vesti a vida do sempre-igual, fez frio, turvidão e dúvida. As enguias do desencanto voltaram a nadar em minha banheira.
Buenos Aires, 19 de julho de 2011
M.U.C.C.
Um comentário:
Fera demais! Tradução e inspiração pra boa parte do que tento dizer de vez em quando...
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