domingo, 18 de setembro de 2011

Um pequeno livro que escrevi

Escrevi um pequeno livro. Só escrito por fora. Não tinha arte gráfica, tudo feito a mão. Por dentro deixei o peito pulsante, o sangue que ferve, o sopro da vida, deixei a paixão. Deixei também um CD, pois de músicas também é feita a alma. Lancei-o no mar como quem manda uma mensagem na garrafa, sem querer resposta, retorno ou reembolso. Lancei meu livro para a vida. E veio o tempo, as estações mudaram, e só silêncio me respondia. Cheguei a pensar que não o devia ter lançado, temi pelo meu destino. Percebo hoje que este livro só recebe respostas do tempo, só o tempo ensina coisas sobre ele. O tempo me diz o que sinto e se sinto é certo que o livro ainda vive em algum rincão do universo. O mar carrega o livro e mar ninguém controla. Talvez o livro volte e reaverei o peito e as víceras, talvez nunca o veja. Mas ao mar o livro pertence e dele jamais o irei roubá-lo, para que meu livro siga assim, sempre livre.


M.U.C.C.

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