quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

pequena crônica em três atos

Concebido, parido, criado, refeito, transformado, feito homem e morto em um sempre curto dia. Dia que nasceu noite, tarde que se fez ao contrário, da treva ao clarão. Dia que põe do ar pras pernas tudo ao seu novo lugar, de onde nunca deverão sair, espero.

De tanto desdenhar o sempre-o-mesmo, chego a temer a novidade. Hesito. Sempre hesito. De dúvidas me vestiu a vida ainda menino, sem elas me sinto nú. Meu exitar delas depende. A reticência não traduz um desapego, mas o gosto pelo incerto que também chamam de esperança.

De não muito longe de mim mesmo encontro frondosa árvore de pensamentos em que me deito e me revolvo. Seu castanho tronco não é longo, mas firme, suas folhas foram polidas por mãos talentosas. Tem um porte decido, possuidor de si, parece até amedrontar os menos prontos. Não sei se chego a dançar, não sei se passo ou se paro. Não sei porque me agrado tanto de viver? Podia gostar menos, ou nem gostar.





M.U.C.C.

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