terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Gosto é gosto e não se discute? tentando entender jazz!

Jazz é o nome de um gênero musical nascido nos EUA no início do século passado, originado do encontro de raízes musicais africanas e de tradições musicais européias. Hoje o jazz se desdobrou em tantas vertentes e diferentes manifestações que a fronteira entre o que é ou não jazz já não se pode perceber nitidamente. Entretanto, há alguns elementos que são característicos deste gênero musical, que estiveram presentes desde seus primórdios e permanecem compondo as estruturas do que se costuma chamar de jazz. Um desses elementos é o improviso. Quando vemos um guitarrista "solando", como se diz, ou seja, improvisando frases musicais em um show de Rock talvez não nos damos conta, mas esse é um elemento oriundo do jazz. O improviso é a criação musical se dando no instante de sua execução, o músico ao improvisar torna-se interprete e autor de certo modo, ele cria, recria, constrói e desconstrói a música que está sendo executada. Normalmente o improviso se dá mantendo elementos da música pré-existente, como sua harmonia e seu andamento rítmico, e novos elementos são introduzidas, novas melodias ou figuras rítmicas.
Neste vídeo, por exemplo, nos primeiros vinte e três segundos os músicos apresentam o que se chama de tema, ou seja, a música pré-existente. Você pode visualizar os acordes e a melodia, mesmo sem ler partitura da para ter uma idéia. Até o trigésimo quinto segundo temos a repetição do mesmo tema. A partir daí o saxofonista John Coltrane, um dos maiores nomes do gênero, passa a inventar frases musicais, temos portanto o momento do improviso. Aos três minutos e cinco segundos o piano é que passa a improvisar sobre o mesmo tema. Coltrane volta a improvisar aos três minutos e 54 segundos. Durante o improviso do piano nota-se o número 14 e depois 48 na partitura, são os compassos em que o pianista improvisa, ou seja há uma contagem constante dos compassos que controla o tempo que cada músico permanece improvisando. O músico ao mesmo tempo que deve imaginar as frases musicais e executá-las deve também permanecer contando os compassos para saber em que momento seu improviso termina ou começa. Controlando os compassos ele tem de pensar em como fechar as idéias musicais que propôs, um improviso tem começo, meio e fim e assim o músico cria frases, as modifica, retorna a elas para dar essa sensação. Aos quatro minutos e vinte segundos Coltrane retorna ao tema do início para encerrar a música.
Agora veja o próximo vídeo e tente identificar os mesmos elementos!


M.U.C.C.

Um comentário:

Yuri Rossi disse...

Jazz é um estilo musical que me agrada muito, porém, dou preferência à vertente do Fusion. Enfim... Independente do jazz, há de se reconhecer a genialidade dos jazzistas. Afinal, contar compassos, pensar na harmonia, ritmo, e criar no momento uma melodia que soe bem, pelo que estudei de música até hoje, é uma tarefa um tanto quanto difícil, que requer incansáveis horas de dedidacação.

Como me dizia um antigo professor: "Se você sabe tocar Jazz, sabe tocar tudo"