quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Gosto é gosto e não se discute? reconhecendo elementos da interpretação musical

Por muitas vezes eu já me vi discutindo sobre música em vários espaços da vida social. É comum que digam que gosto é gosto e que não se deve, portanto, criticar os artistas e respeitar o gosto alheio. De fato todos devem ter o direito de gostar do que quiserem e há sem dúvida uma questão de gosto, de preferências, de noções estéticas que são absolutamente pessoais. Mas isso não significa que não se possa emitir julgamentos e que não existam critérios que possam ser utilizados para se, digamos, ler uma canção. Deveríamos ter aulas de música na escola, sem dúvida. Há muito claramente uma grande dificuldade das pessoas em entenderem a música como linguagem e expressão artística. Pensando nisso decidi fazer uma pequena experiência a partir do youtube. Utilizando uma das grandes obras-primas da obra de Tom Jobim, Luiza, pensemos um pouco sobre interpretação musical. Ou seja, vamos nos atentar para a maneira como o artista executa uma determinada peça musical, quais elementos ele incorpora à peça e quais as sensações que tenta provocar. Específicamente vamos tratar do instrumento que mais me interessa, o violão.

VÍDEO 1
Neste primeiro vídeo veremos a canção Luiza sendo interpretada por seu autor. Poderemos nos familiarizar com   a melodia e a letra a partir do canto de Tom Jobim  e deveremos perceber também a harmonia ( os acordes simplificando) sendo executada ao piano.

VÍDEO 2
Neste segundo vídeo veremos a interpretação de um dos maiores nomes do violão brasileiro, Rafael Rabello. Este grande artista transitava muito bem entre a música chamada erudita e a popular. Gravou várias obras de Villa-lobos e Radamés Gnattali, foi um grande intérprete de choros de todos os grandes nomes do gênero e dedicou um disco inteiro às composições de Tom Jobim. No youtube você poderá encontrar versões em que  Rabello interpreta a música acompanhado de outros músicos como Leo Gandelmann e Paulo Moura. Neste vídeo, no entanto ele se apresenta sozinho. Preste atenção na maneira como a melodia da música e sua harmonia se encontram no violão, veja como ele vai enfatizando determinadas notas e acordes. Também deve-se perceber como Rabello acrescenta à música novos elementos na introdução, entre as estrofes e no encerramento.

VÍDEO 3
Veja neste terceiro vídeo a interpretação de Denien Arcoleo a partir do arranjo de Paulo Belinatti. Veja como o artista preferiu executar a música de modo mais lento. As pausas são maiores, as notas e os acordes apresentados com mais lentidão. Esta execução em um andamento mais lento é proposital, o artista quiz, ao meu ver, dar preferência à nitidez, à limpeza do som do que a outros elementos. Destaque para o trabalho da mão direita do músico que fica bastante evidente no vídeo. E da utilização dos chamados harmônicos, que são as notas emitidas apertando-se as cordas de maneira bem sutil emitindo um som bastante característico e delicado.

VÍDEO 4
Veremos a interpretação de Daniel Ring. Você verá em muitos momentos que há notas que são emitidas de maneira imprecisa, a corda não fica bem presa e o som não são com nitidez. Poderá perceber  que as frases melódicas são mais simples que as emitidas nos vídeos anteriores. Me parece que a própria insegurança do artista transparece em seu violão.

Existem ainda muitos outros vídeos que podem ser vistos no youtube interpretando Luiza por artistas nacionais ou estrangeiros, há versões com quartetos de cordas, piano, clarinete e tantos outros instrumentos. Divirta-se e dê mais atenção aos interpretes!

M.U.C.C.

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