Desde Adorno e Benjamin há um grande debate nos meios intelectuais sobre a relação entre produção artística e consumo industrial. Existem aqueles que veem a chamada Indústria Cultural como o fim de toda possibilidade de produção artística honesta, exageram penso eu. Existem os que acham essa discussão ultrapassada na medida em que não se pode pensar mais as manifestações artísticas desvinculadas da indústria, teríamos de pensar em outros termos e novos conceitos. Sinceramente, consumo muito essa tal indústria cultural e sem culpa. O Showbiss norte-americano produz entretenimento de ótima qualidade, adoro House M.D. por exemplo. Essa é uma indústria que se pode consumir sem pensar nos bezerros confinados sofrendo, nos trabalhadores chineses semi-escravizados produzindo tênis, etc.... Emite muito menos CO2 que as outras indústrias. Mas é a ideologia enlatada? Dirá você, meu improvável leitor. Ora, leia um pouco todo dia, leia os clássicos, bons livros, tenha idéias próprias, estude e você estará mais que vacinado contra as maldades que possam passar. Digo mais, tendo vida intelectual e interior saudável, você não tolerará a porcaria descartável. Para cada produto bom das prateleiras da indústria cultural existem centenas de porcarias, só com alguma solidez interior você poderá filtrar as coisas. Mas cabe também a pergunta, onde não há ideologia? Não há ideologia em Benjamin e em Adorno também? É menos ideológica a "alta cultura"? Não carecerá ela também de reflexão e filtragem? É possível ser feliz e inteligente ao mesmo tempo com alguns programas de televisão, discos, dvds, filmes produzidos pela indústrial cultural brasileira e internacional.
Entretanto, no que diz respeito a produção cultural cristã no Brasil tenho uma opinião diferente. Temos uma indústria rasteira e dinheirista que se mostra a cada dia incapaz de se deixar guiar pela qualidade e pelo conteúdo. Tudo o que me interessa nas manifestações culturais cristãs no Brasil estão à margem dessa indústria corrosiva e de mau gosto. As gravadoras....valha-me Deus! Quase nada passa ao crivo da mínima honestidade intelectual. Estão produzindo um embrutecimento e um emburrecimento atroz. Alimentam e se alimentam da ignorância e de todo tipo de predicado negativo. É difícil achar coisas boas para se ouvir e ver entre os meios cristãos. Não é muito melhor o mercado editorial embora existam ainda boas editoras e bons escritores. Você quer ouvir boa música cristã? Vá para as margens. Descubra nomes menos conhecidos como Carlinhos Veiga, Jorge Camargo, Gladir Cabral, Baixo e Voz, Sal da Terra, sem falar no João Alexandre. Não estão no Faustão, não estão ricos, não tem contrato com a Somlivre, mas fazem boa música. Deixo, já me despedindo, a dica do site e do blog de Gladir Cabral que traz uma série de ótimas músicas em reação às terríveis tragédias que vivemos com as chuvas neste início de ano. São de um frescor e de uma sensibilidade digna de nota. Confira, http://www.gladircabral.com.br/site/
M.U.C.C.
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