quarta-feira, 9 de março de 2011

utopias do coração

Este texto dialoga com o que eu acabei de escrever no outro blog. O outro é mais pretensioso esse é mais debochado.

De todas as formas de utopias existentes a mais forte é sem dúvida a dos relacionamentos. O príncipe encantado ou a princesa aprisionada na mais alta torre é uma idéia tão violenta e arbitrária como alguém querer fazer você tomar por verdade algo não faz sentido. Os homens sonham mais com utopias físicas, e os cirurgiões plásticos e os sites de pornografia não me deixam mentir. A utopia relacional masculina é antes de tudo uma utopia sexual. Eles querem, notem que falo como the não jogathe nethe time*, a visão de uma mulher ideal, plásticamente ideal, ou siliconicamente ideal, são as formas que valem não os conteúdos, ao menos como regra geral. Muitos homens são capazes de suportar o insuportável para saciar a ânsia da utopia física. Convivem com pessoas vazias, chatas, superficiais em nome da fruição plástica. Pagam o mais alto aluguel para viver em um palácio de curvas niemeireanas. O pior é quando as primeiras infiltrações começam a aparecer no grande castelo, haja reboco e massa corrida!

As mulheres, bem as mulheres, são ainda mais severas na utopia. Elas realmente prestavam muita atenção nas histórias que ouviam antes de dormir. Deve ser alguma propriedade da cor rosa que tanto abunda em seus aposentos infantis. O pior não é sonharem com o príncipe encantado vindo em um belo cavalo e as salvando do terrível dragão, isso até dá pra resolver em dias de inflação controlada o dragão anda sonolento e os carros mais acessíveis. Também não são os fortes e heróicos valores morais, isso da pra fingir por tempo suficiente até que venha o casamento. O problema maior na utopia feminina é o "e viveram felizes para sempre". Esse é um ponto que parece difícil de demovê-las, é ai que a utopia pega.

O que devemos fazer, contar histórias de separação ou celibato aos nossos filhos? As escolas devem oferecer aulas como: A Bela Adormecida: os fatos por trás do mito? Não há porque esquecermos nossas utopias, já disseram que elas nos fazem andar. Esse é o ponto, as utopias podem me ajudar a querer ser mais príncipe encantado, ou mais juliana Paes sei lá, me põem em movimento. Mas não devem ser usadas por mim para por os outros em movimento, eu acho!


*leia o som do th como no inglês botando a língua entre os dentes (essa eu aprendi com o Lobão, que escreve assim quando reporta falas do Cazuza na sua autobiografia)

M.U.C.C.

3 comentários:

Jessica Kindlein disse...

Aproveitando a quarta-feira de cinzas pra me atualizar por aqui e também dar pitaco! hahaha
Pra mim, tudo isso de utopia tem a ver com amadurecimento e sensibilidade.
É conquistando essas virtudes que crescemos realmente e deixamos de ser crianças superficiais num corpo grande. Pena que esse crescimento interno não seja uma coisa sempre valorizada ou incentivada.
Enfim, fica o meu obrigada por mais uma vez me dar sobre o que refletir um pouco.

Beeeijo!

Jana disse...

"as utopias ... me põem em movimento. Mas não devem ser usadas por mim para por os outros em movimento, eu acho!"

Acho que o mais difícil é essa segunda parte de não usar as utopias para por os outros em movimento. Mas acho que elas valem como um norte do que você quer ou não para a vida. =)

Jana disse...

Olha só, tava escutando essa música :
A história de Lily Braun
Edu Lobo / Chico Buarque

e lembrei desse seu post. :P