Abrem-se suas asas e começa a jornada (soou como Fiori Gigliotti). Seu bate-asas constante, o renovar das próximas folhas, cria-se um novo mundo a cada movimento. De mundo em mundo segue o vôo, em silêncio. Lá no alto pode-se ter o prazer do nada ouvir, a não ser as vozes que brotam do interior da nobre ave e como são muitas as vozes e muito distintos seus ruídos não há tempo de se sentir só, nem doente, nem ao menos triste. Suas garras nos prendem tão firmes que não há como temer o elevar-se do chão, seu vôo tem o frescor do estar em férias, suas manobras são confortáveis e hospitaleiras como um bangalô à beira-mar. Às vezes à hora das obrigações do dia, às vezes o sono, que nasce dessas mesmas obrigações, ou ainda uma ruidosa criança nos faz cair de lá do alto. E como dói. Ter de botar os pés na vida novamente, chamar as coisas pelos seus nomes mais óbvios, apanhar um camisa amarrotada no chão, verter suor e olhar o relógio. A ave pousa em um galho e nos segue olhando pelo tempo que precisarmos. Até que possamos lhe abrir as asas novamente para voar.
M.U.C.C.
Um comentário:
Um dos mais lindos que você já escreveu. Quase uma poesia.
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