sexta-feira, 30 de abril de 2010

Palmeiras: um time de dieta

Se pudéssemos comparar um jogo de futebol a um banquete, o torcedor do palmeiras anda de dieta. Anda comendo gelatina e queijo cotage.

M.U.C.C.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O casamento

Pensando o casamento não como o relacionamento que se desenvolve entre duas pessoas, mas como o ritual que se encena em um dia específico e em um lugar específico, este parece ser uma das metáforas mais poderosas que se projeta sobre os homens e mulheres ainda contemporaneamente. Uma metáfora resistente ao tempo, que se transforma se moderniza e aparentemente preserva sua relevância. (soou careta, mas...)

Pense em quantos filmes e novelas você já viu terminando em casamento, quantas vezes já chorou ou pelo menos se arrepiou ao ver uma noiva rompendo alva, sorridente e chorosa os corredores de uma igreja. Existem outros rituais tão significativos quanto o casamento que perderam a força na sociedade contemporânea. Quem tem ido a batizados? Quando chega o Natal e a Páscoa, quais são os rituais praticados pelas famílias? Assistir a missa do Galo? Um filme sobre Jesus na sessão da tarde? Os casamentos continuam importantes.

Quem já se pegou nervoso nos preparativos de uma colação de grau? Quem já se emocionou com as paradas militares do sete de setembro? Quem passou um dia inteiro em um spa se preparando para o alistamento no exército?

Mas o casamento é transtorno que acomete a toda uma vasta parentela de gentes que não se esgotam. É impressionante como as vidas se convulsionam com a eminência do evento, o casamento suga a atenção os planos e o esforço de pessoas quase no limiar da exaustão. O gasto financeiro implicado é distribuído em estrutura piramidal dos noivose seus pais até os convidados mais modestos, todos gastam com um casamento seja para não repetir a gravata ou o vestido ou comprar uma geladeira. Empresas e mais empresas refestelam-se em grandes montantes de lucros obtidos com serviços prestados aos noivos para a realização do ritual.

O mais curiosos porém, é que as pessoas se comportam como se estivessem diante de um ovo de páscoa. Pois, assim como é o caso desta calórica guloseima, o casamento parece importar mais pela casca do que pelo que há em seu interior. Eu não me lembro de encontrar uma noiva que em conversas dias antes do casamento queixe-se da incerteza da vida à dois, ou que confesse estar nervosa por encarar novas responsabilidades. As aflições referem-se ao buffet, a floricultura, o vestido, os convites, .... O caso é tão bizarro como seria se um vestibulando se preparasse para o vestibular unicamente comprando canetas ou apontando lápis.

Ao mesmo tempo que se observa esta histeria coletiva em relação ao casamento como mise en scène, esta hipertrofia de luzes e brilhos, esta espetacularização do rito de passagem. O casamento como aliança, concórdia, compartilhamento de si se esvazia cada vez mais. Talvez a própria hipertrofia do rito seja uma medida compensatória da atrofia do fenômeno relacional. Esta é a metáfora do casamento comtemporâneo, passamos a amar o símbolo e a desprezar o seu significado. Admiramos a dentadura, sua brancura, brilho e simetria, mas já não temos boca. Limpamos a casa, compramos móveis novos, camas de rei, banheiras de princesas e passamos o dia fora trabalhando como escravos!

Mais uma psicosociopatia contemporânea.

M.U.C.C.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Palmeiras é o time mais perigoso do Brasil!!!!!!!

Muito se tem falado sobre a companhia de arte do Santos, os galáticos do parque são jorge (ou talvez as estrelas decadentes da fazendinha), o ataque do amor (mas você sabe que sorte no amor é azar no jogo), o atlético do luxa ou até flu do Fred. Mas o que inguém parece perceber é que o time mais perigoso do Brasil hoje é o Palmeiras.


Você discorda? Está rindo? Eu duvido que algum torcedor de time brasileiro corra mais risco de um infarte, de um surto de fúria, um colápso nervoso ou ainda que entre em depressão do que os do palmeiras. Os palmeirenses certamente estão de acordo com meu argumento, mas para os outros que podem pensar que estou exagerando, vamos aos fatos.


Que outro time após uma semana de preparação exclusiva para este jogo, se arrasta em campo como se estivesse submetido a uma longa sequência de jogos exaltivos? Que outro clube tem chance de resolver a partida logo no início e deixa a oportunidade passar? Que outro time mantem o controle da partida por quase todo o tempo e parece negar-se a chutar no gol (vai que a bola por azar entra, né)? Qual é o time que permite que o pior aconteça, leva um gol aos trinta do segundo tempo, mais do que anunciado pelo imperativo categórico do "quem não faz leva" e faz passar pela cabeça do torcedor um filme macabro da eliminação injusta já inúmeras vezes visto pelos palestrinos? Em seguida, faz uma jogada bonita, bem trabalhada e acaba com o sofrimento alvi-verde.

Este gol de Lincon foi uma provocação, foi um ato de sadismo, de crueldade. Por que não fizeram antes? Por que só depois de muito sofrimento mostram o que podem fazer? Será que a tática e se fazer de morto e desacreditado para evitar a pressão da imprensa e da torcida?

O Palmeiras é o time mais perigoso do Brasil! Para os seus torcedores.

M.U.C.C.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

formas e conteúdos


       Quando perguntado sobre  a razão de seus discípulos não jejuarem como os de João Batista, Jesus deu uma resposta sintética e desconcertante. Disse que não se põe vinho novo em odres velhos.

        Muitos podem estar se perguntando sobre o sentido desta afirmação metafórica de nosso Senhor. Quero entretanto propor outra pergunta:  Por que Jesus preferiu não dar uma resposta mais direta, clara, por que preferiu construir uma resposta que deixa algo suspenso, algo a ser desvendado?

        Se ampliarmos nossos olhares sobre o ministério de Cristo vemos que esta mesma questão reverbera sobre vários outros textos. Poderíamos perguntar, por que Cristo nos diz que o Reino de Deus é como um semeador que saiu a semear? Por que não nos diz de maneira mais objetiva, qual o significado de abrir espaço para diferentes conotações possíveis?

        É certo que muitas vezes Jesus se dispôs a explicar reservadamente a seus discípulos o sentido de suas parábolas, o que nos demonstra que para aqueles que caminham com Deus é dada a benção da revelação das parábolas.

         Mas também devemos perceber que Deus na sua infinita sabedoria escolheu uma linguagem menos objetiva e mais simbólica para manifestar suas boas novas. Penso que se houvesse forma mais eficaz, mais perfeita, mais ótima de transmitir o significado verdadeiro e definitivo de seu plano eterno e de seu infinito amor certamente o teria feito. Se um cientísta recebesse a incumbência de comunicar uma descoberta revolucionária, será que o faria através de linguagem poética? Se um homem qualquer tivesse que transmitir claramente uma mensagem que poderia colocar em jogo todo o resto da existência de um ente muito amado, será que o faria através de um conto metafórico? Mas o Filho do Homem falava por parábolas.

        Voltamos ao vinho e aos odres. Jesus propôs uma relação entre as figuras, o estado de ser do odre deve acompanhar o do vinho. Novos conteúdos pedem novos formatos. Assim a manifestação do Verbo enquanto eterna boa-nova exigia um novo comportamento dos discípulos e exige constantemente um renovar de nossos odres também. Não se pode receber a novidade de vida sem reformarmos também o tabernáculo vivo de Deus em nós. Para o vinho novo, odres novos. E mais, Compreender Jesus como novidade, para além do que até agora nos foi oferecido, para além do que eclesiasticamete se tem vivido, nos leva a mudar também os formatos com os quais nos relacionamos com Deus e com o próximo. As formas interagem com os conteúdos, eles não são totalmente independentes, um altera a configuração do outro. Jesus precisava comunicar-se através de parábolas, se não o fosse ele não teria feito de outra maneira? Sua linda poesia preserva viva, atual e inteligível sua verdade eterna.

Que o Vinho novo de Deus encontre em nós odres novos também, que aceitemos o trabalhar deste tão amoroso Artesão em nos renovar e nos reinventar. E que possamos transmitir, como imitadores de Cristo, as parábolas que os homens de nossos dias precisam ouvir!

M.U.C.C.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quando um a zero é goleada!!!!!

Reprodução / SporTV

A torcida palestrina está em êxtase após a brilhante goleada aplicada ontem sobre a terrível equipe do Atlético Paranaense!!!

O Mais interessante foram as entusiasmadas declarações dos jogadores e comissão técnica hoje, em um clima de "agora vai", orgulhosos da organização tática e das boas jogadas.

A partir de agora a torcida palmeirense pode respirar aliviada, estamos rumo à Tóquio, digo Dubai!!!

Ai que medo do Brasileirão!!!!!

P.S. - O jogo foi tão bom que o assunto mais relevante foi uma briga no gramado, de infelizes atitudes no melhor estilo "depois da saideira num boteco de terceira".

M.U.C.C.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um dia a poeira irá embora?

Já faz alguns dias, não sei dizer quando, uma fina poeira começou a entrar em minha casa. Parecia ser inofensiva, tão pouca, tão banal, ordinária, totalmente sem importância.

É curioso perceber como dela não se fala na TV, não se tem bibliografia, não se pode encontrar nem em nota de rodapé. Poeira definitivamente não é assunto.

Mas passado um grande intervalo de tempo desde a chegada desta forasteira irreverente, não há um só espaço, uma fresta, um recôndito que não se tenha deixado impregnar pela sua companhia.

Ela veio trazendo hecatombes, cataclismos, tragédias, mirei seus abismos, sorvi seu hálito, senti manifestar-se minhas entranhas diante de seu horror. Não me engano tudo começou com a poeira.

Presume minha pálida intuição, não adianta fugir da poeira. Não se pode negar sua eficiência, tudo veio do pó e voltará também a sê-lo.

M.U.C.C.

O texto

O meu texto é uma efêmera significância que primeiro aconteceu em mim.

M.U.C.C.

sábado, 3 de abril de 2010

Deus está nos detalhes!


Há um ditado popular que diz que  "Deus está nos detalhes" pois hoje foi um dia para aprender um pouco sobre isto.
Atribulado com os problemas cotidianos procurava eu uma vaga para estacionar meu carro no centro de Londrina.
Pouquíssimas vagas, buzinas, pessoas por todos os lados. De súbito percebo que gastei o último tostão furado
que tinha e que não poderia pagar "o zona azul", pensei em voltar para casa e continuar a pé a jornada.
Agora você tem que pagar no ato para utilizar a vaga, não poderia contar com a compreensão do fiscal, presumia.
Ainda perdido em meus pensamentos vejo uma vaga que daria para encaixar uma jamanta, não resisti, ela me chamava, por um instante despreocupei-me do dinheiro e do que eu faria para consegui-lo. Sinto que fui levado a rapidamente cruzar as pistas que me separavam da vaga, desviar de um utilitário que estava pelo caminho e tomar posse da vaga. Ainda desatava o sinto de segurança ou qualquer coisa do gênero quando um senhor de aparência ordinária (digo no sentido original do termo) bateu no  meu vidro me chamando a atenção.
Quando me inclinei para ouvi-lo imagina que iria pedir algo, já estava pronto para dizer não. O senhor  me entregou um papel de "zona Azul" e disse que havia sobrado do que tinha pago para o uso de seu carro e que eu poderia utilizar se quisesse! 
Olhei para Amélia, rimos, nos calamos, bibi não entendeu nada. 
Agora já tarde da noite, lembrei de como Deus está nos detalhes
De como aquele homem tão simples, tão simples que poderia ser o próprio Cristo, foi alvo do preconceito de um cristão auto-suficiente que não espera ajuda de Deus, talvez pense não precisar dela, um cristão que olha os outros com certa superioridade, cansado de ser "útil", talvez ressentido em ter que ser útil, no máximo resignado em sê-lo. O sentimento que me toma agora ao lembrar daquele rápido acontecimento é contraditório, consigo ver um erro em mim que antes não via o que é ótimo, mas também percebo esta situação como apenas uma fagulha de um braseiro. Ela representa sentimentos e atitudes que reverberam em instâncias superiores da existência. Deus está nos Detalhes. Em Detalhes cotidianos como dar água a um sedento, acolher um desabrigado, abrir um sorriso, perceber a capacidade espiritual de uma criança.  Quero um cristianismo dos Detalhes, um cristianismo cotidiano, um cristianismo sem gelo seco, sem muitos decibéis, sem muita galhofa gosssssspel! Vamos enfrentar o desafio de caminharmos sem tapinhas nas costas, semeando sem ver a colheita, colhendo sem ver a semeadura.
Encontro-me grato por sentir o cuidado e a provisão de Deus, uma provisão simbolicamente representada por uma hora paga de "zona azul", porém encontro-me chamado para descer da árvore como Zaqueu. Deus corrigi-nos através da manifestação de sua Graça, mistério sem par, ao manifestar seu interesse, seu cuidado, sua provisão, sem que eu estivesse sequer pedindo.Ele nos desarma. Seu amor nos constrange! Dá-me desta sabedoria!
Fernando Pessoa dizia que os "Deuses vendem quando dão", frase utilizada pelo Skank em uma música inclusive, ledo engano.
Demonstra o paupérrimo conhecimento do poeta em matéria de Graça Divina! O meu Deus segundo sua riqueza em Glória tem suprido cada uma de minhas necessidades, mesmo quando não as solicito. Creia nisto!
Você que se identificou comigo, desça da árvore depressa!!! vamos cear com o Mestre!!!!!


M.U.C.C. ( texto de 26/07/2008)

Agora é Guerra!

Não resisti!
Espiões nasceram dentro de mim,
organizaram mil e um motins,
convulcionaram a paz do ser.
Capitulei!
Como um rei que não tem mais poder,
Sem compreender onde foi que eu errei,
foram libertos os mais íntimos bandidos.
Mas renasci!
encasernado no fundo do seiláoque
entrincheirado na fronteira do ser ou não,
vou lutar até o fim! pela posse do meu coração!

M.U.C.C.

O último delito

Vivemos hoje a loucura dos trovadores.
O ocaso das liras e seus amores.
Estão extintas as ninfas, exiladas as musas e as valquírias já não guiam mais ninguém.
Amar por loucura, rubor e ternura ofende os puros, defrauda os dignos e escandaliza os haréns.
Insanos são hoje esses Camões e Castelos-Brancos de amores lusitanos e rompantes profanos.
Ser poeta tornou-se um delito.

M.U.C.C.

Charme

O charme feminino é a capacidade de se fazer passar por predador e presa simultaneamente.

Ostentar a calma, a segurança, a frieza, o estado lacônico de um predador, deixar transparecer a sensação de que controla o mover de uma folha e o movimento dos astros.

E ao mesmo tempo carregar um tom clemente, acessível, possível, disponível de uma vítima.

É ter em seus olhos um pedido de mil perdões e em seu comportamento um alquimia que imobiliza para o momento preciso do bote.

M.U.C.C.

O momento em que nasce uma paixão

Se me perguntassem sobre o momento exato em que nasce a paixão, diria com certeza que não sei ou que a pergunta é um engodo, posto que quando há a constatação de uma genuína e arrebatadora paixão ela se dá pelo rompimento da noção de tempo e espaço.

Talvez seria mais adequado dizer que a paixão nasce de um não-momento e um não-lugar.

Contudo, há uma marca indelével da paixão que se apresenta como sintoma inequívoco desta forma patológica de existência, o apego pelos defeitos do ser apaixonante.

Aquele que ama vê os defeitos, mas o apaixonado...

Quando passamos a admirar a falha no dente, a unha descascada, a não simetria, a desproporção, os distúrbios de humor e as intempestividades dos gênios...

Quem se pega assim pode saber que está apaixonado. Infelizmente?

M.U.C.C.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Teamo e tchau

Na fluência cotidiana de nossos dias, as palavras te amo e tchau são amargamente parecidas!

M.U.C.C.

O carcereiro das almas

A retina vê.
A memória conserva.
O desejo exagera.

Ah,
volúpia incandescente,
saqueadora da paz,
"ventrí-loco" nefasto
de racionalidades.

Quimera das vontades,
timoneiro das ações,
sequestradores do eu,
motim furtivo e silencioso,
provas cabais de minha existência.

M.U.C.C.

vem ai: tropa de elite II

Há no cinema brasileiro atual uma espécie de linhagem de filmes de grande sucesso de público e crítica tanto nacional como internacionalmente. Filmes que conseguem atrair para si os holofotes da opinião pública e muitas vezes de premiações, geram polêmicas e debates a partir de seus temas e abordagens. Esta linhagem apresenta aos meus olhos duas características principais:

1 - desenvolve-se através de uma roupagem narrativa e estética que se aproxima do chamado "hiperrealismo  hollywoodiano", portanto torna-se mais inteligível e palatável ao público médio.

2 - faz da exposição das mazelas e da violência urbana o seu tema favorito.

A pergunta que me ocorre a este respeito é a seguinte:

Esta cinematografia esta se apropriando do hollywoodismo para falar da condição brasileira, ou está se apropriando da condição brasileira para fazer cinema hollywoodiano?

M.U.C.C.

to be or not to be happy?

Parece ser uma canto uníssono entre todos ao nosso redor que o sentido último de toda existência humana seja a busca implacável pela felicidade.

Anuncia-se assim a fragilidade de nossa existência e o ridículo de nossa condição, uma vez que, essa tal felicidade tem, até o momento, demonstrado ser unicamente um fenômeno químico breve.

Cabe então perguntar se a vida é dos que sabem encontrar felicidade com frequência ou dos  que sabem sofrer mais adequadamente?

M.U.C.C.

Sobre o que há de mais concreto e abstrato em nós.

Se existem tijolos suficientemente sólidos, firmes e duradouros para a edificação de nossas comunidades são os sentimentos.

Deles se pode fazer lindas e definitivas construções.

Nossas desgraças, falhas, amores e paixões são niveladoras, são realmente capazes de nos tornar mais iguais.

M.U.C.C.

Sobre necrópoles e metrópoles

Nas ruas tortuosas dos cemitérios se encontram cidades velhas e novas, anteriores e posteriores às grandes catástrofes, às grandes vitória, às coisas pequenas também.

Sem perceber, ficam registradas épocas, contextos, uma continuidade insistente, um perdurar resistente às vicissitudes mais cotidianas.

Ao se ultrapassar os portais de um cemitério deve-se ter em mente a existência de um microcosmo particular, forjado ao debruçar de décadas, séculos que agrupam-se, alinham-se formando um labirinto de gentes e discursos muito familiares.

M.U.C.C.

muitas lágrimas são lágrimas, mas algumas viram cristal.

Não existe matéria-prima mais bruta, mais pura que as lágrimas para se fazer um cristal.

Um cristal que pode muito bem ser vagabundo, industrialmente produzido, falso, de plástico, barato, sem singularidade alguma,

seu valor não é o seu valor enquanto cristal, seu valor é não ser mais lágrima.

O cristal é para a lágrima uma miragem, uma boa vertigem necessária.

Mas a catarse momentânea que produz, reduz o fluxo das lágrimas a bom termo e de certo modo as justificam.

M.U.C.C.